Eu estava zapeando no Facebook, e encontrei uma discussão sobre estudar Medicina no exterior. Então, citaram a Fundação Hector Barceló, que tem uma Faculdade de Medicina na cidade de Santo Tomé, que faz fronteira com São Borja - Rio Grande do Sul. Parece que o curso tem até professores brasileiros, e é até mais voltado para o Brasil mesmo. Os estudantes escolhem ou morar no Brasil, ou na Argentina mesmo. Se morar no Brasil, em São Borja, tem vans que chegam em 20 minutos na faculdade. Eu achei uma boa, a mensalidade está em torno de 700 reais. Pesquisando, achei uma reportagem legal, e aqui vai para vocês:
Estudar Medicina ou Nutrição no exterior sem prestar vestibular e morar no Brasil a um custo muito baixo é uma possibilidade oferecida pela Facultad de Medicina da Fundación Hector Barceló.
Com sede em Santo Tomé, cidade na fronteira da Argentina com São Borja, no Brasil, a faculdade iniciou seu funcionamento há cinco anos, quando foi inaugurada a Ponte da Integração, entre São Borja e Santo Tomé.
A iniciativa foi do Instituto Universitário de Ciências de la Salud, que, percebendo a localização estratégica da pequena cidade, junto a uma ponte internacional, a 150 quilômetros do Paraguai e da capital da província de Missiones, resolveu abrir mais uma unidade com a possibilidade de atender também a estudantes brasileiros.
A Fundación Hector Barceló já tinha duas unidades em funcionamento: uma em Buenos Aires, autorizada em 1992, e outra em La Rioja, que começou a funcionar regularmente em 1994.
Além de Medicina, o instituto mantém cursos de Nutrição, Fonoaudiologia, Fisiatria, Psicologia, Instrumentação Cirúrgica, Análise de Sistemas de Informação Médica e o curso técnico em Análises Clínicas. A maioria deles funciona nas unidades de Buenos Aires e de La Rioja.
Em Santo Tomé existem somente os de Medicina, com duração de seis anos, e o de Nutrição, quatro anos.
Hoje, cinco anos depois de inaugurada, a escola tem cerca de 900 alunos, um terço dos quais é de brasileiros, vindos do mais diferentes Estados: Pará, Ceará, Paraná, São Paulo, Rio, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Santa Catarina e, é claro, Rio Grande do Sul, estado fronteiriço.
Para ingressar na instituição basta uma inscrição e o pagamento da taxa de matrícula, que é de 450 pesos (igual a R$ 450,00 no câmbio atual), além dos seguintes documentos: Carteira de Identidade, passaporte, atestado de saúde com todas as vacinas, histórico escolar e certificado de conclusão do ensino médio traduzido para o espanhol - a própria faculdade indica um tradutor para o serviço que custa aproximadamente R$ 150,00.
Até o ano passado foram feitas tratativas para que um dos hospitais-escola fosse no Brasil, mas houve resistência dos médicos de São Borja, que temiam a concorrência dos professores argentinos que dariam aulas.
Por isso, os alunos farão suas práticas no Hospital San Juan Bautista, de Santo Tomé, e no Hospital de Posadas, capital da Província de Missiones, distante 150 quilômetros.
Ao fazer a inscrição o aluno matricula-se no curso introdutório, de dois meses e meio. Nesse período, passa por um verdadeiro funil, que vai avaliar suas condições para seguir ou não a carreira médica.
Além das aulas de espanhol para os brasileiros e epistemologia e metodologia do estudo, eles são avaliados nas seguintes disciplinas eliminatórias: Biologia, Química, Bioquímica, Antropologia Médica, Anatomia e Fisiologia e Atenção Primária de Saúde.
Esta última faz com que os alunos ingressantes tenham contato com a realidade de saúde no hospital-escola e em postos de periferia. Eles acompanham os professores e o atendimento dos médicos.
Muitos desistem nessa etapa. Outros seguem e constroem uma carreira, como o brasileiro Alex Gomes Ribas, de Curitiba, que se formou na unidade de Buenos Aires e já clinica em Santo Tomé ao mesmo tempo em que dá aulas na faculdade. Agora, ele aguarda os trâmites para validar seu diploma no Brasil.
Estudantes atravessam a divisa todos os dias
Muitos brasileiros que estudam Medicina em Santo Tomé, na Argentina, moram na localidade. É o caso de Mohamad Aboul Ola Júnior, de 19 anos, de Bragança Paulista, que preferiu morar na Argentina para baratear ainda mais os custos e apreender mais facilmente o idioma.
Segundo ele, incluindo moradia, alimentação, transporte e a mensalidade da faculdade, gasta R$ 1.500,00 por mês. Se morasse no Brasil, aumentaria o gasto com transporte.
A maioria, entretanto, prefere morar na cidade brasileira de São Borja para sentir-se em casa. A distância é de apenas 10 quilômetros, percorridos em meia hora por causa dos trâmites de fronteira.
O pedágio para atravessar a ponte custa R$ 8 por dia; os estudantes organizam lotações em carros e dividem os custos.
O advogado Erick Siqueira Mattos, de 26 anos, de Angra dos Reis, tem um Passat e diariamente carrega quatro colegas para o outro lado. Assim a gasolina e o pedágio ficam de graça para mim, explica, lembrando que sempre sonhou estudar Medicina, mas não passava no vestibular. Quando soube das facilidades de acesso, mudou-se para São Borja.
Paulistas de Indaiatuba e filhas de um médico que estudou em Rosário, Santa Fé, as irmãs Gláucia Guise Ramos, de 22 anos, e Cláudia Guise Ramos, de 24, preferiram estudar em Santo Tomé pela possibilidade de morar no Brasil.
O vestibular difícil e os preços altos da educação no Brasil foram as motivações principais da maioria dos brasileiros que estudam na faculdade de Santo Tomé.
Eles esperam retornar ao Brasil quando revalidarem seus diplomas, mas alguns pensam até em ficar trabalhando naquele país.
Marco Antônio Dornelles, de 22 anos, conta que tentou quatro vezes o vestibular na Universidade Federal de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, mas não foi aprovado.
O que se constata é que a faculdade mantém um bom nível de ensino, oferece cursos de qualidade. Contudo, é preciso que o estudante brasileiro saiba que não há garantias de revalidação do diploma no Brasil, diplomas de ensino superior de países do Mercosul. Segundo o Ministério da Educação, as universidades têm autonomia para aceitar ou não os pedidos de quem estudou fora do País. Os formandos devem procurar uma universidade pública que tenha curso igual ou semelhante ao realizado e levar seus documentos autenticados pelo Consulado Brasileiro no país onde cursou o ensino superior. As universidades podem pedir pagamento de taxas ou provas para revalidar o diploma.
*O Estado de SP